Avanço do mar em Atafona (RJ) — Santana repete o mesmo destino de Elvis e Neivaldo

Bar do Santana perde a briga contra o mar (Foto: Arnaldo Neto)
Chão do Bar do Santana virou uma cratera aberta por baixo pelas ondas (Foto: Arnaldo Neto)
Em seu blog, o jornalista Arnaldo Neto registrou (aqui) que mais um limite humano do Pontal de Atafona, na foz do rio Paraíba do Sul, acabou vencido hoje (05) pela força do mar: o Bar do Santana. No chão do bar, um buraco foi aberto pela força das ondas, que erodiu a construção por baixo, deixando expostas suas fundações e iminente a ameaça de desabamento. Seu dono, José Santana, estava à frente do estabelecimento nos últimos oito anos, que antes era conhecido dos atafonenses e veranistas como Bar do Almir Largado.

Arnaldo, que é morador do Pontal, registrou a reação de mais um atafonense desalojado pelo mar:

— Pela manhã, com a ajuda de amigos, Santana já retirava tudo do seu bar. O fechamento era inevitável (…) À tarde, ele foi procurado para falar sobre o fato e o que pretende fazer a partir de agora. Já não foi encontrado. Como muitos moradores de Atafona se acostumaram durante décadas, ao perder a guerra para o mar, Santana foi recomeçar a vida em outro local, ainda na praia sanjoanense. Como todos que já foram atingidos pelo oceano, deve estar torcendo agora para não ser vítima mais uma vez.

Também hoje, o jornalista e blogueiro já havia registrado (aqui) o encontro em Brasília entre a prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PP), e o presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM). Nele, Carla entregou a cópia do projeto de recuperação da orla de Atafona, que foi realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), e não tem como ser bancado sem verbas federais.

Ao falar das vítimas do avanço do mar, além de Santana, Arnaldo lembrou também a saga de Jorginho Elvis Presley. Dono de um bar na fase áurea do Pontal, nos anos 1980, ele o perdeu o estabecimento para o mar, montou o segundo mais adiante e teve o mesmo fim.

Ruínas do segundo Bar do Elvis no Pontal (Foto: Arnaldo Neto)
Além de Santana e Elvis, quem também poderia ser lembrado era o campista Neivaldo Paes Soares, que passou a ser conhecido como “Bambu” depois que se mudou para o Pontal e passou a residir e tocar seu bar na antiga casa de barcos da família Aquino, proprietária do Grupo Thoquino. Neivaldo perdeu o bar e a casa para o mar em 28 de julho de 2012, quando se mudou para a ilha do Peçanha, na foz do Paraíba.

Mais que qualquer um, Neilvaldo encarnou o destino das referências humanas no Pontal de Atafona. Entre as águas do o rio e do mar, ele desapareceria misteriosamente em 21 de junho de 2015.

Como fez hoje (05) no Bar do Santana, o mar abriu uma cratera no que era o chão do Bar de Neivaldo, em julho de 2012 (Foto: Mariana Ricci – Folha da Manhã)

Ao perder seu bar no Pontal, Neivaldo encarava seu próprio destino enre o mar e o rio
(Foto: Mariana Ricci – Folha da Manhã)
Fonte: www.opinioes.folha1.com.br

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