Praia ameaçada da Arrábida recebeu dez camiões de areia (Portugal)

Praia ameaçada da Arrábida recebeu dez camiões de areia
Fotografia © Carlos Santos / Global Imagens
Foi uma operação de pequena escala, mas que acabou por ser inédita. 120 metros cúbicos de areia foram despejados esta terça-feira, por dez camiões, na praia do Creiro, junto ao Portinho da Arrábida, onde a erosão tem avançado de forma galopante nos últimos anos.

Nesta zona a areia tem sido substituída por calhaus, enquanto os concessionários vão recuando os toldos face ao avanço do mar."Se nada for feito, qualquer dia não temos praia", alerta Marcelino Martins, dono de uma das três concessões, que já chegou a colocar um tapete até à água, para agilizar o acesso dos banhistas ao mar. Considera o reforço do areal como "um sinal positivo", depois de dez anos sucessivos a assistir ao oceano a "engolir" a praia do Creiro, a mesma que já foi palco para vários anúncios televisivos.

A areia que começou a ser descarregada destinou-se a reforçar os campos de vólei, numa altura em que a erosão está a deixar a descoberto o que resta das construções das casas clandestinas que ali existiram em tempos. Há testemunhos de veraneantes feridos que necessitaram de assistência hospitalar, como denunciou ao DN Pedro Vieira, presidente do Clube da Arrábida, a entidade criada em 2011, que promoveu este enchimento parcial do areal.

O projeto contou com parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), além do apoio da Secil - uma das principais empresas produtoras de cimento em Portugal - que garantiu os camiões, e da Administração do Porto de Setúbal e Sesimbra, que ofereceu os 120 metros cúbicos de areia que em tempos haviam sido dragados do canal de navegação do rio Sado, encontrando-se até ontem em depósito no porto sadino.

Um caso raro de aproveitamento de recursos. Isto porque, como alertou Pedro Vieira, só agora está em equação, à boleia de um estudo encomendado pelo Ministério do Ambiente, o aproveitamento dos inertes alvo de dragagem para serem depositados nas praias.

"O grande problema é que toda a areia tem de ser despejada a três milhas da costa por imposição da APA. Tem sido um desperdício de milhões de euros, quando todos os especialistas concordam que a reposição sistemática de areia será a melhor solução para combater a erosão", sublinha Pedro Vieira, morador em Alpertuche (próximo do Portinho da Arrábida) e frequentador há décadas da praia do Creiro. "Tem 20% da areia que tinha nos anos 50", resume.

Fonte: dn.pt

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