Disputa entre força do mar e água potável da Lagoa do Peri ocorre também no subsolo. (SC)

Falta de levantamento da capacidade de reposição é um dos fatores que podem apressar salinização do manancial do Sul da Ilha; na superfície, erosão é ameaça.
Enrocamento na praia da Armação, após ressaca 2010, mexeu com recursos ambientais. | Foto:
Flavio Tin/ND
Lento e gradativo, o avanço do mar na costa sul da Ilha não é a única ameaça à potabilidade da Lagoa do Peri, que abastece entre 120 mil e 150 mil pessoas em Florianópolis. A falta de dados sobre a capacidade de reposição do manancial, aliada à eventual captação acima dos níveis atuais para compensar aumento de consumo ou períodos de estiagem, são fatores que podem afetar a dinâmica do lençol freático.

No subsolo, de acordo com explicação do geólogo Rodrigo Sato, conselheiro do Crea/SC (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia em Santa Catarina), ocorre o fenômeno denominado “cunha salina”, no qual a água salgada do oceano e a doce do aquífero mantêm permanente disputa.

“Como a pressão subterrânea da lagoa é maior, prevalece água doce. Se for retirado mais do que o potencial de recarga, o mar invade por baixo e a salinização é irreversível”, alerta Sato. No caso específico do manancial do Peri, onde a Casan capta 200 litros por segundo para abastecer as costas leste e sul da Ilha, a reposição é feita pelas Cachoeiras Grande e rio Sertão, com nascentes na área da reserva biológica do Parque Municipal da Lagoa do Peri.

De acordo com cronograma da gerência de operações, o levantamento geofísico do manancial não está incluído nas licitações previstas para este ano. “É preciso saber quanto chega e quanto sai e monitorar a cunha salina no subsolo”, avisa Sato. Outra preocupação do geólogo é a erosão do mar na restinga no Morro das Pedras.

Depois das últimas ressacas, em alguns trechos a distância da praia é de apenas 50 metros da SC-406 e de 250 metros da lagoa, com tendência a ficar cada vez menor. Se romper a atual barreira de restinga, a contaminação salobra será inevitável, prevê o geólogo, que apresenta dados que podem ser úteis para futuras pesquisas: “Em 200 anos, o mar subiu 70 metros. E vai continuar subindo nesta proporção.”

Fonte:  http://ndonline.com.br/

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