Uma batalha para fechar o canal - Moçambique.


Maputo - Aquando das cheias de 2000 muitas casas e machambas ficaram completamente submersas. Então, a população abriu um canal para drenar as águas da chuva para o mar. E na busca de solução para o alagamento das suas residências, as comunidades da Ilha do Bazaruto não compreenderam que estavam a criar um outro problema. É que o mar se aproveitou do canal aberto para se expandir rapidamente para o interior da ilha. Mais tarde ainda tentaram fechar o corredor da água, colocando sacos de areia, mas já era tarde, pois a pressão das águas do mar tem sido superior às pacatas ideias dos ilhéus.

“Quando fomos medir, constatámos que a devastação ia até 20 metros. No interior há população e havia também uma baixa onde a mesma fazia as suas hortas, mas isso já não é possível porque a água do mar invadiu esse espaço”, diz o administrador.

O problema está lá. E muitas vezes os efeitos climáticos não olham a meios. Mas, os afectados – ilhéus que vivem no limiar da pobreza – não cruzaram os braços, debatendo-se para encontrar uma solução, particularmente no ponto que permite um maior acesso das águas do mar para suas machambas e áreas residenciais.

Sentimos firmeza e vontade de fazer algo, quando Luís Namanha disse, a dado momento do diálogo, que: “Estamos a lutar para ver se conseguimos fechar o canal aberto depois das cheias do ano 2000”. Esta acção é integrada porque as próprias comunidades compreenderam que, desta vez, não há que ficar de braços cruzados e esperar uma resposta, que só pode vir da administração do parque. Eles também colaboram, e muito.

Fernando Mutondo é um dos vários habitantes da Ilha do Bazaruto. Ele também participa na busca de soluções para colmatar o problema do canal. Fala-nos de uma forma proverbial e diz: “Chorar ou lamentar constantemente não resolve nada”. Por isso, ele e outros ilhéus mobilizaram-se para uma acção pragmática. E continua: “Precisamos de fechar o canal aberto pelas cheias do ano 2000. As águas não só entram nas nossas casas, como também estragaram as nossas culturas devido à sua salinidade. Desta terra já não conseguimos tirar os nossos alimentos. As árvores estão a desaparecer, elas vão secando. Tudo mudou”.
Fonte: http://macua.blogs.com

Comentários

Mais visitados