O paradigma emergente da ciência contemporânea.

Muitas vezes quando nos deparamos com alguma afirmação ou proposta nova, a gente se pergunta: “Será que isso é científico?”, “Já está provado cientificamente?”, “Tem base científica?”. Engenheiro Marco Lyra | Foto: Jaime Guimarães Jr

Todo progresso científico é fruto de muito trabalho, dedicação e investigação. Atualmente vivemos um momento onde a globalização nos desafia diariamente diante das novidades em todas as áreas da ciência.
Muitas vezes quando nos deparamos com alguma afirmação ou proposta nova, a gente se pergunta: “Será que isso é científico?”, “Já está provado cientificamente?”, “Tem base científica?”.
Isto significa que as pessoas valorizam o conhecimento desenvolvido pelos cientistas, um conhecimento que se caracteriza por uma forma de ver e pensar o mundo, e a nós mesmos como parte desse mundo. Em outras palavras, existe uma forma de pensar cientificamente, que é reconhecida e distinta de outras formas de pensar.
Nossa geração se encontra entre o velho paradigma de ciência de que fomos nutridos e o novo paradigma de ciência apenas emergente, questiona suas crenças anteriores, mas se sente no novo paradigma como numa terra estranha. Incapazes de abandonar completamente a visão de mundo que fomos condicionados, nós não ficamos completamente confortáveis com a nova visão e não somos capazes de articulá-la em nossas rotinas diárias.
No nosso caso, desde a infância, principalmente na escola e nos cursos de formação profissional, aprendemos a distinguir o que é científico e o que não é científico e a valorizar o conhecimento cientifico e as práticas científicas.
Hoje se fala tanto em complexidade, sistemas complexos, complexidade das organizações, complexidade da sociedade, que até corremos o risco de pensar que a complexidade é mais um novo produto que devemos consumir nesse início do século.
É importante observar dentro do novo paradigma da ciência que não é a complexidade que é nova, mas o seu reconhecimento pela ciência que é muito recente. Existem três pontos a serem observados entre o paradigma da ciência tradicional e a ciência contemporânea onde temos os seguintes avanços:

Do pressuposto da simplicidade para o pressuposto da complexidade;
Do pressuposto da estabilidade para o pressuposto da instabilidade;
Do pressuposto da objetividade para o pressuposto da intersubjetividade.

Isso exige uma nova forma de pensar, um pensamento que permita abordar as contradições, em vez de tentar excluí-las. Atualmente, poucos tomaram plena consciência de toda a extensão dos efeitos das revoluções científicas ocorridas nos últimos cem anos.
Não há sinal mais saudável de progresso real para o futuro do que a inquietação que hoje é sentida em todo o mundo. A inquietação que varre o mundo é espiritual, religiosa, política e econômica, e de certa forma é perturbadora e desequilibrante. Mas é uma perturbação construtiva, comparável a que sentimos quando resolvemos mudar de uma casa velha para uma nova. Durante a mudança, tudo é empacotado, não temos um lugar confortável para dormir e comer, a nossa casa mais parece um acampamento desorganizado. Entretanto, sabemos que não está longe o dia em que na nova residência tudo estará devidamente organizado no seu devido lugar naturalmente.

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